Diminuir o limite de velocidade dos carros nas ruas é frequentemente uma medida controversa. Em 2016, João Doria foi eleito prefeito de São Paulo com o slogan “Acelera SP”, prometendo aumentar os limites de velocidade nas vias da cidade, revertendo as reduções feitas desde 2010. Porém, para proteger os pedestres, a ONU recomenda um limite de 50 km/h nas ruas urbanas. Edmonton, no Canadá, foi além e limitou a velocidade a 40 km/h, obtendo resultados surpreendentes.
Edmonton está executando o plano “Visão Zero”, que tem como meta zerar as lesões graves e mortes no trânsito até 2032. A estratégia central é reduzir a velocidade dos veículos para tornar as ruas mais seguras e habitáveis para todos, sejam motoristas, pedestres ou ciclistas.
Desde a implementação do “Visão Zero” em 2015, as mortes no trânsito diminuíram 50%. Com o novo limite de 40 km/h, aplicado a partir de agosto de 2021, um estudo realizado no final de 2023 mostrou uma redução de 25% nos acidentes. Além disso, houve uma queda de 42% nos ferimentos e mortes de pedestres, ciclistas e usuários de triciclos elétricos.
Velocidade menor traz resultados positivos em Edmonton
A pesquisa conduzida pela Universidade de Alberta monitorou 219 locais antes e depois da mudança do limite de velocidade para analisar o comportamento dos condutores. Dessa maneira, as reduções de velocidade foram mais significativas em estradas estreitas, áreas visualmente congestionadas e locais próximos a sinais de monitoramento de velocidade.
O limite de velocidade de 40 km/h é aplicado na maioria das ruas residenciais e do centro de Edmonton. Logo, a desaceleração dá às pessoas mais tempo para reagir ao inesperado, evitando acidentes e reduzindo a gravidade das colisões.
Reduzir a velocidade dos veículos nas ruas também contribui para tornar o ambiente mais silencioso e agradável. Adicionalmente, caminhar é uma forma eficaz de exercício, previne problemas de saúde e é uma atividade gratuita.
No entanto, ruas barulhentas e mal planejadas para pedestres dificultam a prática da caminhada. Cidades inteligentes, como Edmonton, mostram que planejar o espaço urbano para priorizar a segurança e o bem-estar dos cidadãos pode ter impactos positivos significativos.
Como é a situação no Brasil
Em nosso país, o número de acidentes registrados em rodovias concedidas à iniciativa privada aumentou 14,6% em 2023, segundo dados da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), que contabilizou uma adição de 3.213,4 km no último anuário estatístico de rodovias privatizadas.
Em São Paulo, o número de mortes em acidentes de trânsito em 2023 foi o maior dos últimos oito anos, com 987 óbitos, de acordo com o sistema de informações de acidentes de trânsito do governo do estado, o Infosiga. Dentre as vítimas, os motociclistas foram os mais afetados, seguidos por pedestres e motoristas de automóveis.
A experiência de Edmonton serve como um exemplo para outras cidades que buscam melhorar a segurança no trânsito e a qualidade de vida de seus habitantes. Então, implementar limites de velocidade mais baixos e políticas que incentivem o uso seguro das vias pode reduzir significativamente o número de acidentes e mortes.
Cidades inteligentes devem priorizar a segurança de todos os seus habitantes, integrando soluções que promovam um trânsito mais seguro e eficiente.