Assim como observado na chamada “era da tecnologia digital” – que transformou, de forma rápida, as relações pessoais e profissionais e o modo de produção no mundo nos últimos dez anos -, a economia verde passa a assumir um papel crucial e de longo prazo no mercado de trabalho, no setor produtivo e na geopolítica internacional.
Neste cenário, a “bola da vez” é o hidrogênio verde (H2V) e suas imensas oportunidades de carreira, de investimentos e de reindustrialização. E, sim, quem está em evidência neste segmento é o Brasil.
Qual a diferença entre o hidrogênio tradicional e o H2V?
A distinção é que este último é produzido exclusivamente por fontes limpas e renováveis, como solar, eólica e biogás, por exemplo. Esse combustível é usualmente produzido por meio de eletrolisadores – que, por sua vez, são alimentados por energia limpa e realizam a separação do hidrogênio e do oxigênio da água.
Em linhas gerais, o H2V é um processo extremamente sustentável, que pode ser utilizado em diversas aplicações, eliminando de processos industriais as emissões de gases de efeito estufa ou outros poluentes.
Com o hidrogênio verde brasileiro, o país pode vivenciar um ciclo nunca visto de ampliação do setor produtivo e do mercado de trabalho, com alta tecnologia para a promoção do desenvolvimento sustentável, social e econômico que tragam a transição energética tanto no âmbito nacional quanto em nível global.
No mundo, o hidrogênio verde tem o potencial de representar entre 12% e 22% de toda demanda de energia até 2050. Segundo estudo da consultoria McKinsey, o Brasil poderá ter uma nova matriz elétrica inteira até 2040 destinada à produção do H2V.
Isso significa um total de mais de R$ 1 trilhão em novos investimentos no período, destinado à geração de eletricidade, novas linhas de transmissão e mais unidades fabris do combustível e de estruturas associadas, incluindo terminais portuários, dutos e armazenagem.
Na prática, o Brasil pode se tornar o maior produtor e exportador do hidrogênio verde do planeta. A conta é bem simples: de um lado, o país já tem condições de produzir o H2V mais barato do mundo, segundo dados da BloombergNEF, justamente por conta da alta competitividade das fontes solar e eólica, já que 70% do custo de produção do combustível são de gastos com energia elétrica.
Por outro lado, estão os mercados europeus, asiáticos e norte-americanos, que precisarão comprar o H2V mais competitivo para cumprir as metas locais de combate ao aquecimento global e redução das emissões de poluentes atmosféricos.
Não por acaso, esses países têm buscado o Brasil como principal fornecedor do hidrogênio verde. Estudo recente da Deloitte prevê prejuízo para o mundo de US$ 178 trilhões (R$ 883,59 trilhões), caso os padrões de emissões sejam mantidos até 2070. Porém, caso as nações consigam cumprir os compromissos de zerar as emissões até 2050, esse prejuízo pode se converter em lucro estimado em US$ 43 trilhões (R$ 213,45 trilhões).
Para se ter uma ideia, estudos mostram que o H2V tem três vezes mais energia do que a gasolina, com a vantagem de ser uma fonte limpa. E um relatório recente do Goldman Sachs mostra que, até 2050, o mercado de hidrogênio renovável no mundo ultrapassará US$ 11 trilhões.
Trata-se, portanto, de uma corrida para atender a demanda dos países mais ricos, que têm uma grande limitação na produção de energia limpa e ainda barata. E, de novo, a “bola da vez” neste cenário está com o Brasil, mais precisamente aos brasileiros que podem aproveitar as oportunidades profissionais nesta nova e definitiva economia verde.
Segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o País já responde por 10% de todos os empregos verdes no mundo, ocupando a segunda colocação entre os maiores empregadores da indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica.
Somente no mercado brasileiro de energia solar, o Brasil fechará este ano com cerca de 1 milhão de empregos acumulados, segundo mapeamento da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). Com a perspectiva do hidrogênio verde no País, as possibilidades vão às alturas, abrangendo profissionais de diversas áreas do conhecimento e de experiências variadas. E, você, está preparado para essa revolução?
Fonte: https://exame.com/lideres-extraordinarios/esg-lideres-extraordinarios/o-que-e-hidrogenio-verde-e-como-isso-pode-impactar-a-sua-carreira/